Informe Técnico do Morango

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Informe Técnico do Morango.

No Brasil, a cultura do morango possui uma importância econômica representativa, distribuída em vários Estados, sendo os principais: Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul.

O Brasil totaliza uma área produtiva de 4.000 hectares, com produtividade média de 32 toneladas por hectare. Em média, volumes de recursos movimentados no Brasil são significativos. Se considerarmos um preço médio de venda de R$ 6,00 o quilo, o rendimento bruto por hectare fica em R$ 192 mil, com o Brasil movimentando um valor de R$ 768 milhões anualmente.

Produção pelo Brasil

No Brasil, as características das áreas produtivas são extremamente diversificadas, mas podemos dividir em dois grupos.

O grupo dos produtores empresariais, de vários portes, está localizado em regiões de clima favorável, que atingem individualmente ou em parcerias os principais centros consumidores.

O grupo de pequenos produtores se localiza próximo a seus mercados consumidores, promovem uma venda direta e são denominados de sistema  ̈Distância Zero ̈. Geralmente são menos tecnificados, mas atingem mercados que os produtores empresariais não alcançam. Estas áreas do sistema  ̈Distância Zero ̈ são muito significativas no Brasil. Como exemplo está o Rio Grande do Sul, que possui em torno de 400 hectares de morango, sendo a área do sistema  ̈Distância Zero ̈ de 200 hectares, metade da área produtora.

Oferta e demanda

As duas principais regiões produtoras de morango, Minas Gerais e São Paulo, estão próximas das principais regiões consumidoras de morango, os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

As regiões produtoras têm variações significativas de época de colheita, conforme os seus microclimas e, principalmente, devido às variações das características varietais, principalmente as diferenciações de variedades de dias curtos (produção de inverno) ou dias neutros (produção o ano todo).

Tecnologias a toda prova

Em termos de tecnologia, EUA e Espanha, por possuírem a produção concentrada em poucas regiões, têm uma definição tecnológica bem fundamentada e eficiente para cada modelo produtivo.

No Brasil, onde as áreas de produção são pulverizadas, não necessariamente respeitando as condições de climas adequadas, o manejo da cultura se torna excessivamente diversificado e pouco fundamentado.

Tal fato faz variar extremamente a produtividade, de áreas de produção com 20 toneladas por hectare a produtividades em sistemas fora de solo, em regiões com clima adequado e empregando tecnologias adequadas, atingindo 80 toneladas por hectare.

Mais produtividade

Como forma de melhorarmos o desempenho da produção nacional, alguns critérios são passíveis de avaliação:

  • Concentrar a produção em regiões com as melhores condições climáticas;
  • Implantar estrutura de pós-colheita e transporte adequados para atingir os mercados-alvo;
  • Desenvolver a estrutura básica, como estradas, principalmente asfaltadas, energia trifásica, disponibilidade de água, estimular a migração e treinamento de trabalhadores vocacionados, desenvolver orientação técnica especializada, estimular a infraestrutura de fornecimento de insumos, disponibilizar recursos financeiros, entre outros;
  • Desenvolver tecnologias adaptadas a cada região e sistema de produção e, nesse caso, vários fatores devem ser analisados;
  • Avaliar o regime de chuvas, que determinará a necessidade de cobertura plástica;
  • Solos argilosos, que são menos indicados para a cultura do morango, com pouca disponibilidade trabalhadores vocacionados, pouca quantidade de áreas agricultáveis para fazer rotação de cultura, falta de insumos adequados para o manejo eficiente de controle de doenças de solo, entre outros, são fatores a serem avaliados para adotar a técnica de produção ̈fora de solo ̈;
  • No caso de produção no solo, a utilização de mulching, fertirrigação por gotejamento, uma adequada calagem e correção de solo, de preferência adotando parte da adubação com liberação lenta, são fundamentais para a melhor resposta, independente da região produtora;
  • No sistema ̈fora de solo ̈, a necessidade de uma orientação técnica especializada se torna mais evidente. A cobertura plástica é obrigatória.
  • A utilização de calhas, calhas de isopor ou slabs também deve ser considerada. Os slabs ou calhas com plástico na parte superior irão promover a melhor conservação de água e redução de plantas invasoras. Já as calhas de isopor influenciarão a temperatura do substrato;
  • A cobertura plástica em regiões com excesso de chuva, o sistema ̈fora de solo ̈ e as medidas de redução de infecção no solo permitem a utilização de agentes biológicos de forma altamente eficiente no controle fitossanitário, reduzindo ou eliminado a utilização de agroquímicos.

INOVAÇÕES NA PRODUÇÃO DE MORANGO HIDROPÔNICO

A hidroponia é um dos segmentos agrícolas que teve maior desenvolvimento tecnológico, e a cultura do morango fora de solo acompanhou este desenvolvimento. Entretanto, toda a aplicação de tecnologia pode acarretar em aumento de investimento e, por consequência, aumento de custo. Por este motivo, deve fazer parte de uma estratégia econômica adequada a cada situação.

morango

Inovações

Existem inovações em todos os segmentos da atividade produtiva, e na hidroponia são: tipos de infraestrutura, desde estufas com pé direito alto de aço galvanizado e ambiente climatizado, como estrutura de micro túnel elevado com sustentação de madeira; fertirrigação central utilizando injetores de adubo e controladores de rega com software que indica a situação atual e corrige a fertirrigação futura com sistema de mangueira gotejadora ou sistemas de espaguete.

Há, ainda, novas variedades e vários tipos de mudas: raiz nua frigoconservada, tray plants frigoconservadas, raiz nua de muda fresca e tray plants de muda fresca. O setor ainda tem experimentado novas definições de quantidade, dimensões e tipos de substratos, além de inovações nas relações de nutriente adaptado a cada estado fisiológico (crescimento, maturação, etc.).

Observa-se, atualmente, um maior conhecimento das condições climáticas e suas relações com a atividade produtiva. Nesse âmbito, surge ainda o controle biológico como a principal forma de tratamento fitossanitário.

Todas estas são inovações recentes à disposição dos técnicos especializados do setor. A grande dificuldade não é apenas entender estes processos, mas adotar estratégias diferenciadas que irão proporcionar a melhor estrutura de planta e os melhores resultados econômicos e ambientais.

QUAL A TELA IDEAL PARA CULTIVO DE MORANGOS?

Para a escolha da tela que melhor se adapta às condições de produção do morango, é preciso entender alguns aspectos técnicos referentes ao clima. Dentro da estufa, os fatores relevantes são a temperatura, umidade relativa e radiação PAR (fotossíntese ativo radiação).

A radiação PAR corresponde a uma parcela da radiação que é utilizada pela planta para fazer fotossíntese, e o restante da radiação não é utilizado. Os senso- res que medem a radiação PAR contam a quantidade de fótons (unidade de luz) no comprimento de onda de 400 a 700 nanômetros (nm).

Um nanômetro é um milímetro dividido por um milhão. Dentro deste comprimento de onda se encontram a luzes azul, amarelo e vermelho, utilizadas pela planta para fazer fotossíntese.

O caso do morango

Uma planta de morango necessita de no mínimo de 200 umol/m2/s de radiação PAR para fazer fotossíntese em sua plenitude. O comportamento da temperatura, umidade relativa e radiação PAR está interligado dento da estufa e é influenciado pelo tipo de plástico da cobertura.

Na compra dos plásticos de cobertura haverá determinadas especificações, as quais devem ser entendidas pelo produtor para a escolha do plástico que se adapta às suas necessidades. A espessura será importante para compreender a resistência às intempéries.

Transmissão PAR é a quantidade de radiação necessária para fotossíntese que atravessa o plástico. Neste caso, o ideal para o morango é de 200 a 800 umol/ m2/s no mínimo por 6,0 horas/dia.

Fique atento

Para determinar o melhor índice, alguns fatores são importantes. Geralmente, em dias de chuva a radiação PAR é baixa, mas como a umidade relativa está acima de 90%, dificilmente a planta irá fazer fotossíntese, no entanto, é importante analisar o período nublado, em que a umidade relativa permite a fotossíntese, mas se tiver baixa incidência de radiação PAR, a fotossíntese ficará prejudicada.

Outro fator é o adensamento de plantas, que, quanto maior, mais elevada é a exigência em radiação PAR. O sistema de tutoramento de plantas, se for na horizontal, a necessidade é menor que se for vertical.

A reflexão PAR indica quanto de radiação entra de forma difusa, mudando de direção ao atravessar o plástico. Este índice é mais importante com o sistema de tutoramento de plantas vertical, que diminui o sombreamento das plantas que estão abaixo.

cultivo de morango

MANEJO DE PRAGAS E DOENÇAS COMO PROCEDER?

O manejo de pragas e doenças é um assunto extremamente complexo, necessitando de um cuidado extra em relação à saúde humana e o meio ambiente. Deve-se respeitar as normas e a legislação vigente em termos do seu uso e descarte de embalagens vazias e, principalmente, somente usar produtos registrados para a cultura.

Dicas importantes

O manejo pode se dar por controle químico, biológico ou com técnicas alternativas. No caso do controle químico, deve-se analisar não somente a praga e a doença, mas o ecossistema como um todo, procurando utilizar produtos mais seletivos, gerando um menor impacto ao meio ambiente e em particular às abelhas.

O manejo de pragas e doenças inicia muito antes dos tratamento. Começa na escolha da variedade e qualidade da muda, que deve ser sadia, com o sistema radicular abundante. O produtor ainda deve procurar conhecer a suscetibilidade das variedades a pragas e doenças.

É importante usar solos e substratos sem antecedentes de doenças ou substâncias que irão prejudicar o desenvolvimento da planta e, no caso de plantio no solo, promover processos de controle de doenças de solo, como rotação de culturas e plantio prévio com plantas antagonistas.

Usar uma adubação equilibrada é fundamental. Plantas com excesso de vigor estimulam o surgimento de oí- dio, enquanto plantas estressadas faci- litam a antracnose, ácaro rajado, tripes e pulgões.

Em regiões com condições pluviométricas desfavoráveis deve-se instalar a cobertura plástica antes do plantio, para evitar as doenças que necessitam do impacto da gota da chuva para se propagar, como Xanthomonas fragariae, Phomopsis obscurans, Diplocarpon ealiana, Gnomonia comari, Mycospherella fragariae, entre outras.

Passo a passo

Antes do plantio, deve-se fazer a limpeza fitossanitária das mudas, mergulhando-as em uma solução com metalaxil-m, um fungicida e um inseticida/acaricida. Após o plantio, fazer tratamentos periódicos no solo ou substrato com metalaxil-m. Os três primeiros tratamentos devem ser feitos na gema, acrescentando um inseticida, de preferência do grupo dos piretroides.

Os outros tratamentos de solo são via fertirrigação, para evitar o desenvolvimento de doenças de solo. A frequência vai variar conforme a intensidade das doenças, idade da planta e condições climáticas. Estas doenças, na maioria das vezes, também podem atingem o fruto, como Phytophthora fragariae, Phytophthora cactorum, Colletotrichum acutatum, Colletotrichum gloeosporioides, Colletotrichum fragariae, Verticillium, Fusarium spp. e Cylindrocarpon destructans.

Parte aérea

O controle de doenças da parte aérea da planta, como Mycospherella fragariae, Phytophora cactorum, antracnose (Colletotrichum acutatum) e mofo cinzento (Botrytis cinerea) podem ser controlados com uma série de fungicidas, como exemplo o fluazinam, procimidona, azoxistrobina com difenoconazol.

O oídio (Sphaerotheca macularis) pode ser controlado com boscalida e cresoxi-m-metílico. Estas doenças são extremamente agressivas sob umidade do ar alta, e mesmo em baixas populações podem causar graves danos econômicos.

O oídio possui o seu desenvolvimento em condições ambientais diferentes, desenvolve-se com baixa umidade do ar e possui a sua dispersão pelo vento extremamente rápida.

A Mycospherella fragariae é a única que é aceitável, com uma infestação média, sem causar danos econômicos.

No caso de pragas, o tripes (Frankliniella occidentalis), um inseto que vive e causa danos nas flores em populações altas, tem seus danos visualizados somente posteriormente nos frutos, como rachaduras e bronzeamento.

Trata-se de um inseto de difícil controle por causa da sua localização nas flores, apresentando uma capacidade de recolonização rápida por causa da sua alta ovoposição, além de existir naturalmente no meio ambiente. O produto mais recomendado para seu controle é o spinosad.

A mosca-branca (Bemisia argentifolii) habita a vegetação nativa, podendo se tornar uma praga eventual no morango. Seu maior dano é a formação do fungo fumagina sobre a planta, que também transmite vírus.

Pode ser controlada por sais de potássio com ácidos graxos. Estes produtos comerciais possuem também efeito inseticida.

Ácaros

O ácaro branco (Phytonemus pallidus) e o ácaro rajado (Tetranychus urticae) são os dois principais ácaros do morango. O primeiro habita a gema, tornando difícil o seu controle, causa nanismo na planta, e os tratamentos devem ser direcionados ao miolo da planta.

O ácaro rajado causa o bronzeamento das folhas, devido à alta capacidade de multiplicação, provocando graves danos à plantação.

Podem ser controlados por acaricidas registrados para a cultura, mas como ressalva, os acaricidas não podem ser aplicados mais de duas vezes conse- cutivas, para evitar a resistência da praga ao princípio ativo.

Outras pragas

As lagartas não são uma praga de relevância para a cultura, com exceção da lagarta-da-gema (Duponchelia fovealis), que causa a destruição das gemas atacadas. Podem ser controladas por produtos comerciais do grupo químico dos piretroides, que devem ser aplicados de forma direcionada ao miolo da planta.

Os pulgões são vetores de transmissão de vírus que, em grandes populações, desenvolvem o fungo fumagina sobre as plantas. O tratamento mais indicado para seu controle é o tiametoxam.

A mosca Drosophila suzukii ovoposita em frutos no início da maturação, causando liquefação da sua polpa, e tem se tornado uma das principais pragas da cultura.

Pode ser controlada por vários princípios ativos de inseticidas, sendo o mais utilizado o spinoteram. Como uma ressalva, cada princípio ativo não pode ser aplicado mais de uma vez seguida, para evitar a resistência da praga ao princípio ativo.

Besouros que se alimentam das partes tenras da planta (folhas, caule, flores e frutos), em destaque o Iphimeis dives e Diabrotica speciosa, para o seu controle são recomendados inseticidas do grupo dos piretroides.

Outro besouro que ataca os frutos sobremaduros é o Lobiopa insularis, o qual geralmente é facilmente controlado removendo os frutos sobremaduros da lavoura.

Todas estas técnicas possuem muitos fatores que devem ser avaliados, como o alto nível de complexidade e, portanto, devem ser aplicadas com a orientação técnica apropriada, fornecida por um técnico especializado e experiente.

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