Cultivo o ano todo, conheça as variedades de alface.
As alface (Lactuca sativa L. Asteraceae) é uma espécie que pertence a uma família de grande interesse econômico, por conter espécies que são utilizadas/empregadas na alimentação, na fabricação de cosméticos, na medicina e na ornamentação.
Hoje, no mercado nacional, as principais variedades cultivadas e consumidas, levando-se em consideração a sua importância econômica, são: crespa (folhas soltas, largas, crespas e cor verde-amarelada), americana (cor verde-claro, sabor leve e textura firme).
Dentre as variedades, a americana é a que possui menor teor de vitaminas), lisa (folhas lisas, soltas, abertas e sabor mais suave) e romana (tem folhas mais lisas e compridas de cor verde-claro e miolo macio), respectivamente. A mimosa (agradável ao paladar, folha e core variadas) e mini (folhas pequenas e numerosas) também têm boa aceitação no mercado. A variedade crespa é tida como preferida pelos consumidores atualmente.
As temperaturas amenas favorecem o crescimento vegetativo de todas as variedades, podendo ser resistentes a geadas leves. No verão, pelo excesso de chuvas e calor, a maioria das variedades encontra dificuldades para se desenvolver.
A cultura se desenvolve, preferencialmente, em faixas de temperatura amenas, dos 18 – 25°C, podem tolerar entre 26 e 29°C, por alguns dias, mas as temperaturas noturnas devem ser baixas. Em localidades de baixa altitude, no que caracteriza o outono-inverno da região sudeste, observa-se esse regime de temperaturas. Em altitudes elevadas, o cultivo pode ser realizado o ano todo.
Região e época de cultivo
A alface é uma hortaliça altamente perecível (100 g 94% de água) e também amplamente cultivada e comercializada em todas as regiões, especialmente em áreas próximas dos grandes centros, os chamados “cinturões verdes” – região com vegetação que circunda os centros urbanos.
Segundo dados do Instituto Biológico de São Paulo, o Estado é responsável por 32% de toda produção de alface do território brasileiro, com média de 10 mil hectares. Conhecer os tipos de alfaces (morfologia e fisiologia) é uma ferramenta necessária, pois auxilia nas práticas de conservação pós-colheita e de manuseio.
Características desejadas
São inúmeras as características ideais de uma alface, tais como: resistência ao vírus, ao pendoamento e florescimento precoce. As cultivares desenvolvidas no Brasil por instituições de ensino e de pesquisa, ou parcerias com empresas, são fundamentais para disponibilizar materiais “tropicalizados” no mercado, para poder garantir oferta do produto durante todo o ano, pois são variedades com maior tolerância às condições climáticas.
Espécie que tem preferência por climas frios, por ter como centro de origem uma região de clima temperado, apresenta maiores dificuldades de cultivo no verão, quando o pendoamento e doenças como a podridão são mais recorrentes por conta da faixa de temperatura estar acima do indicado (4,0 a 27°C).
Episódios de temperaturas elevadas promovem o aceleramento do ciclo e, dependendo do genótipo, isso pode acarretar em plantas de tamanho inferior.
Variedades
A alface crespa, que engloba 2/3 do mercado da folhosa, é destaque no cenário da produção/consumo/área cultivada. Ainda assim, tem cultivo limitado mesmo quando se fala em condições de cultivo protegido, pois, como já dito anteriormente, esse aumento de temperatura característico de algumas regiões e o tipo do cultivo são condições que encurtam a fase vegetativa, ou seja, favorece o aparecimento precoce do pendão.
A variedade americana, atualmente, ocupa a segunda posição no ranking. Mesmo sendo mais exigente nos cuidados, a vantagem de se cultivar está no retorno financeiro, já que no varejo ela pode chegar a ter um valor 25% maior do que as outras.
Nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, o cultivo pode ser realizado durante o ano todo, com atenção aos meses de dezembro a março, pois é quando ocorre aumento das temperaturas.
O Sul e o Sudeste de São Paulo são as regiões mais importantes no cultivo da alface no País, tanto em campo como em ambiente protegido ou hidropônico. Nos meses com temperaturas mais elevadas o cultivo é feito com cultivares comerciais que tenham maior tolerância a altas temperaturas.
O Rio de Janeiro, que tem um papel importante no Estado e também como fornecedor de folhosas para Minas Gerais, no período de dezembro a março, o tipo lisa (um dos mais consumidos na região) tem problemas com o pendoamento por conta do calor.
Por isso, lá, os meses de maio a setembro são os recomendados para a produção da folhosa.
Em Minas Gerais, a região do Cinturão Verde da cidade de Belo Horizonte é que fica a cargo de abastecer a capital e a região metropolitana da cidade. Maio a setembro são as épocas ideais para o cultivo, sendo possíveis nos demais meses com cultivar adaptada a condições de temperatura mais elevadas.
Regiões de Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul é indicado o plantio no inverno, entre os meses de junho e julho.
Em Pernambuco (Zona da Mata), que faz o abastecimento da capital, da região metropolitana, parte do interior e de Alagoas e Paraíba, o cultivo ocorre entre os meses de maio a setembro. O nordestino dessa região, assim como os cariocas/fluminenses, têm preferência por cultivares do tipo lisa.
Atenção
O que deve ser observado no cultivo dessa hortaliça, além das indicações de cultivo (época do ano com temperaturas amenas), é o hábito de consumo de cada região, pois no Rio de Janeiro e Pernambuco, por exemplo, a variedade lisa ainda segue a tendência de consumo do Brasil da década de 70, diferente do restante do País, onde a preferência é pela alface crespa, ou seja, não havendo a possibilidade de adaptar uma cultivar lisa para as condições dessas regiões, há a necessidade de importar para suprir esse mercado consumidor.
Desafios em seu cultivo
Como dito, a temperatura é o fator determinante para o sucesso da produção, pois ela afeta diretamente no desenvolvimento das mudas. Importante ressaltar que toda espécie vegetal apresenta uma faixa de temperatura (e uma temperatura ótima) que favorece a germinação de sementes. Ainda, dentro da mesma espécie podem ocorrer variações entre esses indivíduos.
Faixas de temperaturas extremas alteram a porcentagem de germinação, a velocidade de germinação e o vigor das sementes, vigor esse que, quando alto, vai garantir alta produtividade e estabelecimento inicial da lavoura, o que leva ao aproveitamento maior e melhor de fertilizantes e corretivos.
As condições extremas de temperaturas podem resultar em indivíduos anormais e até em ausência de germinação, com morte do embrião ou a dormência da semente.
A alface, quando exposta a temperaturas acima dos 30°C no processo de embebição, observa-se redução drástica do estande inicial, que pode ser decorrente da termoinibição, em que não há germinação por questão da temperatura alta.
Já quando a semente é exposta à temperatura ideal, ela inicia a germinação e a termodormência, em que mesmo após as sementes serem colocadas na temperatura adequada, ela ainda terá que passar por um processo (físico, mecânico, químico) para auxiliá-la na superação da dormência para, então, germinar.
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