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Hidroponia Vertical, uma tendência.

Hidroponia Vertical, uma tendência Primeiramente, para recordar, hidroponia é um sistema artificial que visa a produção de alimentos de qualidade, em sistema construído para fornecer alguns dos pilares que sustentem a vida das plantas: a água e os nutrientes. A sustentação das plantas neste sistema pode ser realizada por meio de substratos inertes, placas de isopor ou canaletas de plástico, sendo a escolha dependente de uma série de características de ordem técnica, econômica e estrutural. Os nutrientes, altamente solúveis e prontamente disponíveis para a captação e absorção das plantas, podem ser fornecidos de forma constante (floating), em intervalos regulados por meio de lâminas d’água (NFT) ou pulverização (aeroponia). Esta última categoria, dentro de hidroponia, tem elevado destaque econômico-ambiental por se tratar da forma mais eficiente e otimizada de fornecer água e nutrientes para as plantas. A partir do conhecimento de que, para o pleno desenvolvimento e expressão de potencial produtivo, as plantas necessitam de água, nutrientes, energia luminosa e atmosfera (CO2 e O2), com a hidroponia (suprindo água e nutriente), teve-se o primeiro passo para um controle mais efetivo da produção. Entenda melhor Em cultivo no solo, a nutrição é conhecida de forma mais empírica, uma vez que ocorre intensa e distinta variação na dinâmica dos solos (ligação com os coloides do solo, equilíbrio de bases, troca catiônica e aniônica, matéria orgânica e toda a sua fantástica complexidade e diversidade de compostos). No solo há processos de imobilização e mobilização de nutrientes, ou seja, eles podem ser capturados pela microbiota ou podem ser degradados por ela. Esses processos são extremamente variáveis, o que dificulta uma acurácia de quanto do nutriente aplicado estará de fato disponível para as plantas. O fertilizante aplicado pode ainda ser dissipado no ambiente e perdido por processos de volatilização, lixiviação e percolação. A soma desses fatores faz com que a eficiência na nutrição da planta no solo seja tecnicamente mais complexa e de difícil controle, com maiores riscos e incertezas e maiores probabilidades de estresses de todas as ordens (bióticos e abióticos). Por outro lado, a nutrição na hidroponia é de acordo com o fornecimento da quantidade adequada para que a espécie se desenvolva, com a quantidade ótima que consegue assimilar e gerar rendimento. Fornecer os nutrientes via água é facilitar e simplificar o processo de produção, não há perdas de nutrientes, eles estão circulando na água e o destino é a planta ou o reservatório. Não há processos diversos em que eles possam se envolver, como ocorre no solo. Isso torna o seu manejo mais fácil de mensurar e prever. Pela facilidade construída, é possível ter uma maior precisão e controle. Tudo sob controle No cultivo a campo, cultivo protegido e hidroponia, com espécies de hortaliças folhosas, ocorre a exploração de apenas um plano no espaço devido à dependência da interceptação solar. Quando se estabelece que 100% da energia luminosa pode ser fornecida artificialmente, possibilita-se que o espaço seja explorado de forma tridimensional, com a instalação de planos de cultivo ao longo da área disponível, ou seja, camadas empilhadas verticalmente, formadas por prateleiras de cultivo dentro de um sistema fechado e monitorado. Versatilidade Na agricultura interna ou fazendas verticais, a produção pode ser realizada em estufas agrícolas ou contêiner. Os vegetais deste sistema, pelas características acima mencionados, podem ser produzidos no interior das cidades, viajando apenas alguns quilômetros para chegar às prateleiras dos supermercados, o que contrasta com vegetais produzidos no campo, que podem viajar milhares de quilômetros de caminhão ou avião. Nesse particular, ao reduzir os deslocamentos para a distribuição da produção, reduz-se também as emissões de gases que contribuem para o aquecimento global. Em campo A hidroponia vertical movimentou em 2018 um montante de US$ 26,8 bilhões, com potencial de crescimento de 9,19% até 2025. A tendência é que o setor se expanda com o aumento das incertezas promovidas pelas mudanças climáticas. Espera-se que haja crescente apoio por parte da pesquisa e desenvolvimento de empresas e instituições, com apoio de nichos de mercado, como incubadoras ou fornecedores de tecnologia para apoiar e viabilizar a expansão, como vem sendo realizado pela Embrapa. Produtividade Devido aos conhecimentos técnicos e tecnologia, é possível ampliar o número de cultivos na estrutura anualmente. Em folhosas, estima-se um aumento da ordem de 2,6 vezes. Quanto ao rendimento, culturas como o morango podem produzir 30 vezes mais que em campo aberto. No ramo de hidroponia vertical, tem relevante destaque a empresa Aero Farms, situada em New Jersey (EUA). A empresa foi fundada em 2004 com protótipos e a semente do empreendimento apresentou crescimento expressivo nos anos seguintes. Em 2016, alcançou a posição de maior fazenda vertical interna do mundo. O nível tecnológico é de ponta, com processos de produção patenteados e conhecimento construído com uma equipe de pesquisadores. Especula-se que a Aero Farm consegue produzir 22 safras anuais, devido ao ajuste fino entre cultivar, nutrição, comprimentos de onda de LED ideais, temperatura, umidade e taxa de CO2, que geram colheitas de alface em duas semanas. Tendência Como é possível controlar o ambiente e os nutrientes na solução, é possível otimizar o acúmulo de nutrientes nas plantas e fornecer alimentos de melhor qualidade nutricional. Em um cenário em que boa parte da população tem apresentado deficiência de nutrientes, em especial de micronutrientes, a possibilidade de enriquecer através de biofortificação neste sistema pode auxiliar a minimizar este entrave e ser considerado como um possível aliado da saúde. Considerando que a produção é controlável e, por isso, pode-se produzir grandes quantidades no tempo e no espaço, é possível fornecer alimentos a preços acessíveis à população. Com o adequado marketing, também pode-se ampliar a conscientização do impacto do consumo de hortaliças na saúde e bem-estar, impulsionando o seu consumo e papel fundamental na prevenção de doenças. É válido ressaltar que hortaliças apresentam desafios de ordem técnica, o que acaba reduzindo a sua oferta no mercado e, em consequência, atinja preços incompatíveis com o poder de compra de grande parcela da população. Ampliar formas para que o alimento seja produzido de forma massiva e